10.8.07

A hora de Laura


Diane Keaton afirmou que Laura Linney era uma das poucas actrizes com as quais era preciso “ter cuidado”. Queria com isto dizer que Linney raramente é previsível e que não está forçosamente disposta a dar-nos aquilo que queremos. Talvez por isso faça poucos filmes de grande público e escolha projectos que se centram em personagens com “trajectos”. E o seu trabalho é tão profundamente humano, e por isso complexo, que se nos distrairmos por um momento podemos perder uma nuance que define toda a acção. Nada nos desempenhos de Laura Linney é supérfluo e, ao mesmo tempo, nada é calculado ou cerebral. Com ela, não assistimos exactamente a uma construção que nasce das exigências do argumento, mas antes a uma existência que é definida apenas pelas próprias características e limitações da personagem. Bom, é isso que os grandes actores fazem. Há quem afirme que é uma forma competente de trabalhar sobre uma base técnica muito sólida. Eu diria que as interpretações de Linney são vitais e autênticas e que ao vê-las estamos a partilhar uma viagem de contornos sempre inesperados.

Três exemplos apenas: Mystic River, de Clint Eastwood, The Life of David Gale, de Alan Parker, e Jindabyne, de Ray Lawrence, actualmente em cartaz.

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