3.7.06
Queen Meryl
Aos 56 anos, e depois de criar quatro filhos (a mais nova tem 15), Meryl Streep decidiu engrenar a 5ª na sua carreira. Este ano vamos vê-la na pele de uma cantora country em A Prairie Home Companion, fábula de Robert Altman e Garrison Keillor em homenagem à sinceridade perdida de uma certa América rural, vamos ouvi-la como a rainha das formigas em The Ant Bully, dos estúdios de animação da Warner e observar a sua transformação numa Cruella De Vil para o século XXI, sem os excessos e com a complexidade esperada, num retrato timidamente azedo do universo da alta moda, The Devil Wears Prada. Entre críticas entusiásticas ao filme e elogios rasgados ao desempenho de Streep, The Devil Wears Prada está à beira de se transformar num dos maiores sucessos comerciais da carreira da actriz. Mas Ms. Meryl não falha? Aparentemente não. Ao sucesso e diversidade de um longo trajecto profissional, que abrange cinema, televisão e teatro, está associada uma inesgotável energia e uma perene capacidade de renovação. O facto de ser a actriz mais premiada da história do cinema parece revelar-se indiferente para esta mulher de inigualável talento que nunca abdicou de uma vida própria nem das suas opiniões, mantendo uma incrível ética profissional e uma entrega quase juvenil a cada papel que aceita. Meryl Streep é das poucas figuras da constelação cinematográfica que merece um respeito inequívoco, goste-se ou não. Eu gosto e, para mim, os seus desempenhos são o exemplo último de como o excesso de louvores não desvirtua uma grama de convicção pessoal.
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