26.5.11
16 razões para mantermos presente a nossa história
Com poucos meios se pode ir muito longe, se esses meios são a inteligência e a dedicação. O trabalho de pesquisa de Susana Sousa Dias resultou num relato duro, pelo tema e pela proposta estética, cuja austeridade acaba por justificar-se plenamente, como um véu de pudor que cobre os horrores cometidos sobre presos políticos, por concidadãos seus, durante os 48 anos da ditadura. A realizadora prefere deixar o público frente aos rostos endurecidos pelas consequências da luta contra uma realidade sem voz nem sentimento, escutando relatos que transparecem dor, incompreensão e isolamento. Bem retratada fica a mentalidade dominante de um país, inevitavelmente projectada no nosso tempo, também ele mergulhado na hipocrisia (tal como, referindo-se ao clima de então, aponta uma das entrevistadas), na manipulação e na coerção das liberdades individuais. A uma outra escala, com outro folclore e, obviamente, sem a repressão violenta, mas onde estes e outros sócrates prontamente se investiriam em perseguir e cacetear, e onde facilmente recrutariam uma armada de esbirros. O oportunismo, a intolerância e a inclinação delatora estão todos lá, 48 anos passados, 37 anos passados, entretecidos na farfalhuda colcha de retalhos que é a nossa democracia.
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