30.3.07

Office Rhapsody




















28.3.07

Viva Fred!






Este mês Fred comemorou 76 anos. O “encantador grego”, autor de Philémon e de L’ histoire du Corbac aux Baskets é um dos grandes, grandes da BD, artesão de um universo mágico, complexo e iconoclástico, salpicado pela psicanálise e pela sátira. Ao longo de uma prolífica carreira, Fred encenou
(im)possibilidades alternativas onde a loucura poética elimina por completo qualquer lógica materialista. A incomunicabilidade e a rudeza de um mundo real são temas recorrentes na obra do desenhador e argumentista, com a fuga retratada num traço agitado, quase demencial. Mas é essa pulsão encantatória, esse frenesim inconformado, provocando inicialmente alguma estranheza e até recusa, que acaba por nos conquistar sem concessões. Por razões que certamente ultrapassam muitas suposições minhas, Fred é o desenhador favorito da minha mãe.
E o meu também.
A minha mini-homenagem.

Carta à mana

Tuxe, sou um teu leitor assíduo. Gosto da forma cristalina como sublinhas os teus dias, os teus gostos, os teus sentimentos. Sorridente, luminosa, mas sempre, ou quase sempre, um bocadinho magoada. O que te dá um ascendente invisível e inspirador sobre este ruminador da desgraceira geral. Alegra-me ver que a suposta ressaca não se está a manifestar com a força temida. Ou o facto de estares a direccionar energia para as coisas positivas que te rodeiam fazem-na escapar-se pela porta dos fundos enquanto te pões bonita e te redescobres. Tem sido uma longa travessia, que observo à distância, com muita admiração por ti. E mais ainda percebendo a capacidade de amar que tens desvelado, paralela às vivências difíceis, entrecruzando-se e revelando-te cada vez mais forte. Orgulho-me de fazer parte da tua família. E embora este espaço recente que criaram seja mais um assunto a dois do que um lugar público, dá-me licença de me ir intrometendo porque, assim, também eu fico mais próximo de ti.

Como não celebrei o teu aniversário na altura devida, aqui fica o meu manifesto anual de amor por ti.

Ju

Olho vivo





Por outro lado, já a identidade gráfica desses dois pequenitos entumescimentos públicos, a Fonoteca Municipal de Lisboa e a Videoteca Municipal de Lisboa, faz gala de discernimento e bom-gosto. E além. Aconselho qualquer leigo a apreciar a subtileza das páginas ("Contactos", em especial) da Videoteca que, à semelhança de todo o site, se pauta pela subtileza e inteligência rara. O que não é de estranhar, visto encontrar-se semelhante organismo sob a força vital do intrépido Doutor António Cunha.

Foi você que disse marca registada?





Consta que a Leica não tem representação em Silves. E estas boas almas apropriaram-se de um logo decente que vislumbraram algures (digo eu), poupando-nos a mais um arremesso de poluição visual, daquela tão típica quanto os regionalismos. Não é correcto mas também não está mal visto.

21.3.07

Pupu Free



"Definitions belong to the definers, not the defined."

(Beloved, Toni Morrison)

Pump up the Bass







Alguns dos posters criados pelo grande Saul Bass estão hoje demasiado ensombrados pelas obras-primas que realizou para Hitchcok e, em particular, para Otto Preminger. Ainda recentemente, a revista Premiere americana elegeu Anatomy of a Murder o melhor poster de cinema de todos os tempos. Exagero ou não, o trabalho de Bass alterou a face do design e atravessou poderosamente uma pleíade de manifestações artísticas, com influências claras durante décadas. Foi à 7ª Arte, no entanto, que Saul Bass ficou indelevelmente ligado, tendo deixado o seu cunho irrepetível em cartazes e genéricos que ajudaram a definir a história do cinema. Os últimos anos da sua carreira vêem-no associar-se regularmente a Martin Scorsese, desenhando alguns genéricos inesquecíveis, o último dos quais, também o último trabalho da sua carreira, a abertura de Casino. Em visita passageira à memorabilia cinematográfica de Bass, encontrei estas jóias para partilhar.

Auto-retrato


De português tenho a nostalgia lírica
de coisas passadistas, de uma infância
amortalhada entre loucos girassóis e folguedos;
a ardência árabe dos olhos, o pendor
para os extremos: da lágrima pronta
à incandescência súbita das palavras contundentes
do riso claro à angústia mais amarga.

De português, a costela macabra, a alma
enquistada de fado, resistente a todas
as ablações de ordem cultural e o saber
que o tinto, melhor que o branco,
há-de atestar a taça na ortodoxia
de certas vitualhas de consistência e paladar telúrico.

De português, o olhinho malandro, concupiscente
e plurirracional, lesto na mirada ao seio
entrevisto, à nesga da perna, à fímbria da nádega;
a resposta certeira e lépida a dardejar nos lábios,
o prazer saboroso e enternecido da má-língua.

De suíço tenho, herdados de meu bisavô,
um relógio de bolso antigo e um vago, estranho nome.


Rui Knopfli

(Pintura: Broken Warrior, AnneKarin Glass)

Isto & Aquilo



Woman who loves fish, Maggie Taylor (2003)

Allmália forever!

Trocaditos

De: João
Enviada: qua 21-03-2007 13:02

R.I.P.

-----Mensagem original-----
De: Alexandre
Enviada: quarta-feira, 21 de Março de 2007 12:59
Para: Ana
Cc: João
Assunto: RE: ALLGARVE é que está a dar!

All to grave!!!


-----Mensagem original-----
De: Ana
Enviada: quarta-feira, 21 de Março de 2007 12:56
Para: Alexandre
Cc: João
Assunto: Re: ALLGARVE é que está a dar!

ALL to garve now!

On Mar 21, 2007, at 12:47 PM, Alexandre wrote:

Acho que avançamos com o PortugALLo, a cantar desde 1143.

Tem uma série de associações felizes. Produto característico e mediterrânico. Remete para um passado glorioso, contendo um grito de futuro, de despertar.

A frase funcionará muito bem no mercado italiano e brasileiro.

-----Mensagem original-----
De: João
Enviada: quarta-feira, 21 de Março de 2007 12:34
Para: Alexandre
Assunto: RE: ALLGARVE é que está a dar!

PortugALLo, a cantar desde 1143.

ou

Portu, a cantar de gALLo desde 1143.

ou

ALLma Lusitana, you rock!


-----Mensagem original-----
De: João
Enviada: quarta-feira, 21 de Março de 2007 10:27
Para: Alexandre
Assunto: RE: ALLGARVE é que está a dar!


All you don't need is Portug.

-----Mensagem original-----
De: Alexandre
Enviada: quarta-feira, 21 de Março de 2007 10:21
Para: João
Assunto: RE: ALLGARVE é que está a dar!


Let's All take Portug out of the Hole.


-----Mensagem original-----
De: João
Enviada: quarta-feira, 21 de Março de 2007 10:16
Para: Alexandre
Assunto: RE: ALLGARVE é que está a dar!

Let's put the All in Portug.


-----Mensagem original-----
De: Alexandre
Enviada: quarta-feira, 21 de Março de 2007 10:10
Para: João
Assunto: RE: ALLGARVE é que está a dar!

E porque não alargar a campanha a todo o Portugal?

PortugAll.

20.3.07

Cozido à portuguesa


----Mensagem original-----
De: Alexandre
Enviada: segunda-feira, 19 de Março de 2007 18:00
Assunto: RE: ALLGARVE é que está a dar!

Toda esta história é deprimente... Só refiro duas questões de pormenor, para não falar de todo o processo que é assustador, tanto mais sabendo que somos um país de fracos recursos e que nem quando se trata de investir conseguimos
colocar as instituições nacionais em acordo.

A marca é apresentada numa feira de seu nome "Algarve convida". (Ando há
anos para fazer uma colecção das terras e dos respectivos materiais que
utilizam a expressão "Terriola convida". Gosto particularmente quando são
muito irreverentes e redigem sob a forma de "Terriola ComVida".)

E o slogan que vai acompanhar a campanha é «experiências que marcam»...
OUCH... Foi o melhor que se conseguiu? Único de facto... quase tão único
como o ComVida.

Dá para fazer uma contracampanha muito curiosa... Imaginem uma imagem de um
acidente de viação na EN 125... acompanhado por "Allgarve - Experiências que
marcam..." e por aí fora.

Acho que se pegassem nos três milhões de euros e oferecessem uns fins de
semanas a umas quantas famílias inglesas teriam maior retorno só pelo
processo "espalha palavra".


ARRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG


De: João
Enviada: terça-feira, 20 de Março de 2007 19:51
Assunto: RE: ALLGARVE é que está a dar!

A genialidade da campanha, a beleza do logótipo e a originalidade do slogan à parte (ATENÇÃO: proceder com precaução à incineração destes resíduos num forno regulado a 500 ºC, deixando repousar durante cerca de uma hora. Após arrefecimento, humedecer as cinzas com ácido nítrico concentrado, esmagando-as com uma vareta de aço. Evaporar e incinerar de novo), esta notícia merece-me outras reflexões. Em primeiro lugar, Mendes Bota é o porta-voz designado do desagrado e do desagravo. E quando Mendes Bota é a voz da razão, ficamos sem chão onde pisar e a mim ocorre-me engolir uma caixa inteira de Lorenin. Prefiro, portanto, acreditar que a designação "Allgarve" se propõe adaptar a grafia à fonética local, pronunciado a 1ª vogal como um [o] fechado - embora alternar o dito [o] com um [a] aberto não seja tarefa fácil, se quiserem tentar. Na verdade, soa a um grasnado raro, que nem os algarvios produzem. Proporia "Al Garve". Mais cinematográfico, mais cosmopolita. Deverá tê-los dissuadido o comprometimento implícito de: "Fui ao Garve. Ao Al Garve". "Ai fostes?". "I was in Al all summer long.". "Sorry, love?...". "I was in Garve, Al Garve, all summer long". "Oh, I see. I love it there. Splendid". "A terra de Zezé Camarinha - Al Garve: Experiências que marcam". Não desgosto desta catch phrase. Recentemente fui conduzido a Portimão, mais concretamente à Praia da Rocha, e os tendões do meu diafragma quase rebentaram de comoção. Tive uma crise de soluços que só passou quando me levaram dali para fora. Semelhante dose de "Allgarve" é capaz de arrasar qualquer visitante incauto. Portanto, evacuem a bifalhada para Portimão e Armação de Pêra, chamem àquilo Alldente, Allfabeta ou Allibabábabábali que é absolutamente indiferente, desde que tenha plasmas em todos os tascos com os jogos da Premier League, ementas em inglês macarrónico, danceterias, muitos howtypicals e litrongas de cerveja.
E instituam o Prémio Cozido à Portuguesa em Massapão, a atribuir a equipas criativas que contribuam para a rentabilização do espaço algarvio. Este já está dado.

Preços sacrílegos!














Submitted by Arisca on Fri, 2007-03-16 12:51.

If we're going to trivialize a certain number of icons (which will never go down well in light situations - no pun intended), then let's be bold and inventive. This is just artsy fartsy pshychedelics that amounts to absolute nothingness.

reply

Agência: Ogilvy, Franqueforte, Alemanha

16.3.07

Estar contigo todos os dias



Dás sentido aos meus sentidos.
Parabéns. L.y.

A minha semana em revista


Saber que o meu pai está de novo agarrado às telas, incentivado pelo êxito da exposição do Quixote. Vamos ter com que nos regalar lá para o Verão, se a auto-crítica feroz não fizer das suas. Mas nada como uma mostra bem sucedida para o fazer perceber que o apuro criativo é como o vinho… Madeira!

Falar com a Anita ao telefone, para lhe dar os parabéns e dizer que sinto falta dela, como sempre, como sempre. E saber que ela também me hecha de menos. Há muito que estamos longe mas continuamos a falar a mesma linguagem. Gente do campo, já se sabe...


A fábula negra “O Labirinto do Fauno”, do poeta mexicano del Toro.


Uma deliciosa salada de tomate com queijo fresco, pevides e avelãs, com a qual passei metade da semana a sonhar e que lá acabei por executar. A avelã é a minha oleaginosa favorita, o que poderá ser um dado fascinante e revelador sobre a minha pessoa. Quinze a vinte avelãs equivalem a uma refeição, pelo seu elevado conteúdo de proteínas, gordura saudável e hidratos de carbono. Infelizmente, a avelã é muito pobre em vitaminas. O que até calha bem, porque por um ínfimo pacote arroto três euros e dou mais pontos à Turquia.


O regresso da grande Vanessa Redgrave à Broadway, na peça The Year of Magical Thinking, que não vou ver, claro está, mas cujo poster me comoveu. O rosto de Vanessa Redgrave comove-me sempre, de alguma maneira. E esta foto foi tirada por Brigitte Lacombe.



Esta capa de um livro infantil dos primórdios da União Soviética.


A encantadora Tammy Blanchard, a emprestar humanidade e doçura ao austero “O Bom Pastor”, de Robert DeNiro.


Alguns trabalhos de ilustração de uma artista precocemente desaparecida, Sarah Ruble. Macabros e tempestuosos. Alguns são ainda incipientes, mas todos eles perturbadores.

James McAvoy. Porque é talentoso & escocês. Porque não me debruçava tanto tempo sobre as fotos de um actor desde Christian Bale. E porque li um Q&A com ele que revelava inteligência, sentido de humor e humildade. Merece que o futuro lhe sorria.

O poster do segundo filme como realizador de Antonio Banderas, El Camino de los Ingleses, ao estilo da melhor old school europeia.

Contar com o sentido de humor e a paciência dos meus colegas Pedro e Filipa, para me ajudar a estabilizar as perspectivas.

15.3.07

Faye queridíssima


Faye Dunaway protagonizou Chinatown, Bonnie and Clyde, The Thomas Crown Affair, Network (pelo qual venceu o Oscar de Melhor Actriz, em 1976) e Three Days of the Condor. E só estes títulos seriam suficientes para lhe garantir um lugar de destaque na história do cinema. Durante os anos 70, Dunaway foi aclamada como um dos grandes talentos da sua geração e o prestígio que os referidos filmes lhe granjearam prometiam uma carreira inspirada. No entanto, uma sucessão de escolhas cataclísmicas no dealbar dos 80 entortou irreversivelmente um percurso que, três décadas e incontáveis plásticas depois, não tem remissão possível, aprisionando uma notável força vital num corpo de barbie sexagenária.
O debacle terá começado com uma demonstração do seu temperamento excessivo. Em 1981 estreia Mommie Dearest, adaptação de uma biografia de Joan Crawford escrita pela filha adoptiva, Christina. Hoje considerado um clássico camp, Mommie tornar-se-ia uma das fitas mais ridicularizadas da época, tida como um retrato desgovernado e caricatural de Crawford. Explorando sem pudor nem subtileza as falhas e os pôdres de uma grande actriz que era, também, uma mulher perturbada, o filme demonizava o seu objecto sem uma pinga de comedimento. Visto friamente, Mommie Dearest não passa de um telefilme medíocre, exacerbando o drama ressabiado de Christina através de um único argumento válido: Faye Dunaway. A actriz entregou-se com tal veemência ao papel que se lhe acabaria por colar à pele o rótulo de diva decadente e desequilibrada – talvez em consonância com algumas atitudes tidas na época –, canibalizando a sua própria carreira. Esta master class de overacting tornou-a alvo de descrédito e só lentamente recuperou a estima dos realizadores e dos estúdios, sem nunca alcançar o fulgor de outrora. Barbet Schroeder recuperou-a para um papel memorável em Barfly, permitindo-nos relembrar o seu grande talento, e Emir Kusturica deu-lhe protagonismo em Arizona Dream, em 1993, mas Dunaway é, hoje, mais um espectro do que poderia ter sido (ou do que gostaríamos que tivesse sido) do que um talento verdadeiramente consumado. No entanto, a sua beleza felina e os seus raros desempenhos viscerais perdurarão na memória colectiva.

The Golden Have (Big) Glasses



Quem, no seu perfeito juízo, se deixaria evangelizar por este sorridente casal? Dir-se-ia que as criaturas de The Hills Have Eyes estão nas redondezas à espera de entrar na corrente.

Ovelhas loucas



Submitted by Arisca on Mon, 2007-03-12 11:29.

This Mussolini inspired campaign does bring stuff to mind. It would make Dr. Mengele proud. Didn't the sweaters come in red - you know, to give it a bit more pizazz. It's not just blatantly stupid and frivolous, it is irresponsible.

reply

Agência: Saatchi & Saatchi, Roma, Itália

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